
A letra ecoa à melancolia da chegada e despedida e à bucolidade de uma vida simples, em versos como Ao ver, que o cajueiro anda florando / Saiba que estarei voltando / princesa do meu lugar. Honrando essas características, Daíra apresenta uma interpretação única, sem abrir mão de uma performance intimista que dá destaque ao que de mais marcante a música de Belchior proporciona. Não por acaso, essa canção foi a escolhida para dar o pontapé inicial ao projeto.
“Conheci essa música em um vídeo do Som Brasil antigo, onde o Belchior canta divinamente. Mas nunca a encontrei em nenhum disco dele disponível na internet. Até hoje, procuro. Quando ouvi me emocionei muito, porque na casa de minha mãe, onde eu cresci, tem um cajueiro enorme na frente, que dá muita flor e dá muito caju. Virou o símbolo da nossa casa. Ela mora longe, em Niterói, depois da montanha. Nem sempre dá para retornar para lá nessa vida de estradas e compromisso com a música. Dá um aperto de saudade, e a princesa do meu lugar é ela. Escolhi para ser a primeira porque é uma música pouco conhecida do Belchior, e muito emocionante para mim, que como ele, também tenho a sina de sempre estar ‘voltando para o meu lugar’”, explica Daíra.
Jovem voz da música brasileira, Daíra tem sua inspiração na MPB e acaba por revelar contornos folk e blues nas releituras que integrarão o álbum “Amar e Mudar as Coisas”, previsto para lançamento no segundo semestre. O título já entrega o repertório: canções conhecidas e pouco populares de Belchior, reinterpretadas e recriadas com uma nova roupagem. Assim como na série de vídeos, o vocal tem a companhia do violão de Rodrigo Garcia, que também assina a direção e produção musical.
Já a vivência com a obra de Belchior começou bem antes, ainda na infância. Daíra conheceu “Como nossos pais”, na voz de Elis, e “Apenas um rapaz latinoamericano” na voz de seu pai, adepto de cantá-la em karaokês imitando a voz do cantor. “Um amigo na adolescência tocou ‘Hora do almoço’ para mim, e eu guardei. Alguns anos depois, comecei a cantar essa música no meu show. Depois fui explorando mais dele, e a partir da ideia desse show e disco, mergulhei de cabeça e estou querendo conhecer tudo o que eu puder dele, porque é mesmo um gênio”, recorda Daíra.
No último ano, a cantora compartilhou algumas canções de Belchior, novas descobertas, com amigos – entre eles Rodrigo Garcia, diretor artístico do selo Porangareté. Ele deu a ideia para o novo projeto que, com tamanha sintonia musical, logo se tornou um CD.
“Princesa do Meu Lugar” inaugura esta nova fase dando destaque para o potencial emotivo e vocal de Daíra. A maturidade da artista como intérprete se torna notória a cada lançamento desta série de vídeos, que apresentará o projeto em uma performance intimista, em casa.
Para a realização deste vídeo, Marcelo Freitas assina a captação e edição de imagens; João Arthur é responsável pela finalização, enquanto o som ficou a cargo de Marcelo Saboia (mixagem) e Jorge Rufino (captação de som). Os idealizadores dos vídeos são os anfitriões da casa em questão: o pai de Daíra, Carlos Saboia, e sua esposa Patricia Rocha, que com esta série inauguram seu projeto piloto de vídeos em casa.
Assista “Princesa do Meu Lugar”:
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